quinta-feira, 24 de março de 2011

O JEITO CLARICEANO DE SER


"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes… tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar!
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre"

Clarice Lispector

terça-feira, 15 de março de 2011

Oração da Serenidade

    Caros seguidores e leitores,
    Hoje, o que desejo a todos vocês é a SERENIDADE. Esse é um dom de extrema necessidade para enfrentarmos todas as agruras do dia a dia. Deixo para vocês esta pequena oração.
    Fiquem com Deus,
    Atanael
    Concede-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que eu posso e sabedoria para distinguir uma da outra – vivendo um dia de cada vez, desfrutando um momento de cada vez, aceitando as dificuldades como um caminho para alcançar a paz, considerando o mundo pecador como ele é, e não como gostaria que ele fosse, confiando em Deus para endireitar todas as coisas para que eu possa ser moderadamente feliz nesta vida e sumamente feliz contigo na eternidade. Amém.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Um Sarau Musical - Fernando Pessoa


Amigos,

Fernando Pessoa é atemporal. Vários poemas deste gênio foram musicados. Há, inclusive, alguns gravados em CDs. E são esses links que eu gostaria de deixar para vocês. Seguem abaixo.

Abraços,

Atanael

Segue o teu destino - Nana Caymmi
http://www.youtube.com/watch?v=dAjS2mAGdps

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.




Ricardo Reis, 1-7-1916


Meantime - Ritchie
Composição: poema de Fernando Pessoa musicado por Ritchie
Far away, far away,
Far away from here
There is no sorrow after joy
Nor away from fear
Far away from here...

Her lips were not very red
Nor her hair quite gold
Her hands played with rings
She did not let me hold
Her hands...playing with gold

She is somewhere past
Far away from pain
Joy can touch her not
Nor hope enter her domain
Neither love in vain

Perhaps at some day beyond
Shadows and light
She will think of me
And make for me a delight
Far away from sight...



Emissário de um rei desconhecido - Castro


Emissário de um rei desconhecido
Emissário de um rei desconhecido,
Eu cumpro informes instruções de além,
E as bruscas frases que aos meus lábios vêm
Soam-me a um outro e anômalo sentido...
Inconscientemente me divido
Entre mim e a missão que o meu ser tem,
E a glória do meu Rei dá-me desdém
Por este humano povo entre quem lido...

Não sei se existe o Rei que me mandou.
Minha missão será eu a esquecer,
Meu orgulho o deserto em que em mim estou...

Mas há ! Eu sinto-me altas tradições
De antes de tempo e espaço e vida e ser...
Já viram Deus as minhas sensações... 



D. João, o Primeiro - Elba Ramalho
http://www.youtube.com/watch?v=cws53WmERN4


O homem e a hora são um só
Quando Deus faz e a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
A terra espreita.
 
Mestre, sem o saber, do Templo
Que Portugal foi feito ser,
Que houveste a glória e deste o exemplo
De o defender.
 
Teu nome, eleito em sua fama,
É, na ara da nossa alma interna,
A que repelle, eterna chama,
A sombra eterna.


Ulisses - Zeca Baleiro
http://www.youtube.com/watch?v=T-j2H68_k7c

O mytho é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mytho brilhante e mudo -
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este, que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos creou.
Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundal-a decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Drummond: Os ombros suportam o mundo


Pessoal,

Estou saindo de viagem agora, mas resolvi que não deveria partir sem antes falar de Drummond. Tenho contato com a obra dele desde muito menino e sempre que posso procuro em suas palavras acalento e respostas. "Sua obra tematiza a vida e os acontecimentos do mundo a partir dos problemas pessoais, em versos que ora focalizam o indivíduo, a terra natal, a família e os amigos, ora os embates sociais, o questionamento da existência, e a própria poesia". Deixo para vocês duas poesias para suas reflexões.

Abraços e até quando Deus quiser,

Atanael



Os Ombros Suportam o Mundo

Carlos Drummond de Andrade

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


                   Caso do Vestido

                                   Carlos Drummond de Andrade



Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.
Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?
Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.
Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.
E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós, 
se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.
Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro, 
beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.
Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,
me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,
que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...
Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.
Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio.  Disfarcemos.
Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.
Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.
E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.
Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.
Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.
Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.
O seu vestido de renda,
de colo mui devassado, 
mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.
Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.
Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.
Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio, 
visitei vossos parentes,
não comia, não falava,
tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.
Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,
perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,
minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,
minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.
Vosso pais sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.
Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,
pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.
Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,
que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido, 
última peça de luxo
que guardei como lembrança
daquele dia de cobra,
da maior humilhação.
Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.
Mas então ele enjoado
confessou que só gostava
de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,
fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,
me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,
me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,
bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,
dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.
Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito
de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.
Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.
Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?
quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?
quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?
quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?
Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.
Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.
Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada
vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,
mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,
põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,
comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,
comia meio de lado
e nem estava mais velho.
O barulho da comida
na boca, me acalentava,
me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito
de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.
Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.
 

domingo, 6 de março de 2011

Cantigas Trovadorescas - Releituras e Intertextos Atemporais

Olá, pessoal!

Os estudantes da 1ª série começam a estudar agora o Trovadorismo em Literatura, mas também aprenderam o que é uma intertextualidade na disciplina de Redação. Resolvi, então, deixar para todos, mas em especial para eles, um pouco das produções da época do Trovadorismo com alguns intertextos produzidos nos dias atuais. Na Idade Média os senhores feudais contratavam recitadores, cantores e músicos para divertir a corte. As cantigas eram compostas, quase sempre, por nobres que se denominavam trovadores, porque praticavam a arte de trovar. Surgiram nesse período muitas cantigas, sendo que algumas extrapolaram os limites dos castelos. Elas foram denominadas assim:

Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do Feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido).

Canção de Amor – D. Dinis
Cantiga de Amor Atual-
Composição: Lourenço e Lourival
Quero à moda provençal
fazer agora um cantar de amor,
e quererei muito aí louvar minha senhora 
a quem honra nem formosura não faltam
nem bondade; e mais vos direi sobre ela:
Deus a fez tão cheia de qualidades
que ela mais que todas do mundo.
Pois Deus quis fazer minha senhora de tal modo
quando a fez, que a fez conhecedora de todo bem e de muito grande valor,
e além de tudo isto é muito sociável
quando deve; também deu-lhe bom senso,
e desde então lhe fez pouco bem
impedindo que nenhuma outra fosse igual a ela
Porque em minha senhora nunca Deus pôs mal,
mas pôs nela honra e beleza e mérito
e capacidade de falar bem, e de rir melhor
que outra mulher também é muito leal
e por isto não sei hoje quem
possa cabalmente falar no seu próprio bem
pois não há outro bem, para além do seu. 

Ao receber o convite do seu casamento
Desmoronou meu castelo de sonhos ao vento
Nao pude crer que de você partiu essa maldade
Será que esqueceu que quem te mas sou eu
Meu amor é verdade
Eu lhe perdoo por dizer que seu pai é o ocupado
Pois ele foi sempre contra o nosso noivado
E deu sua mão para outro no gesto apressado
Para nao permitir fosse ser mais feliz ao meu lado
Sem seu amor sou o homem mais pobre da terra
Sem carinho a vida se encerra
Sem seus beijos nao posso viver
O seu amor nesta vida é tudo que quero
Acredite meu bem sou sincero
Sem você sou capaz de morrer


Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-lírico é um homem, nas de Amigo é uma mulher (embora os escritores fossem homens). A palavra amigo nestas cantigas tem o significado de namorado. O tema principal é a lamentação da mulher pela falta do amado. 

Cantiga de Amigo – Martim Codax
Cantiga de Amigo Atual - Fico assim sem você
(Abdullah / Caca Moraes)
Ondas do mar de Vigo,
Acaso vistes meu amigo? Queira Deus que ele venha cedo!

Ondas do mar agitado
Acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amigo
Aquele por quem suspiro?
Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amado,
Por quem tenho grande cuidado (preocupado)?
Queira Deus que ele venha cedo!

Avião sem asa,
Fogueira sem brasa,
Sou eu assim, sem você
Futebol sem bola,
Piu-piu sem Frajola,
Sou eu assim, sem você...

Porque é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil auto-falantes
Vão poder falar por mim...

Tô louco prá te ver chegar
Tô louco prá te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...

Por quê? Por quê?

Neném sem chupeta,
Romeu sem Julieta,
Sou eu assim, sem você
Carro sem estrada,
Queijo sem goiabada,
Sou eu assim, sem você...

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver,
Mas o relógio tá de mal comigo...

Por quê? Por quê?



Cantigas de Maldizer: através delas, os trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas vezes a agressões verbais. Em algumas situações eram utilizados palavrões. O nome da pessoa satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga ou não.

Cantiga de Maldizer – João Garcia Guilharde
Cantiga de Maldizer atual - Composição: Kika Simone/ Diego Maraschin
Ai, dona feia, foste-vos queixar 
que nunca vos louvo em meu cantar;
mas agora quero fazer um cantar
em que vos louvares de qualquer modo;
e vede como quero vos louvar
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, que Deus me perdoe,
pois tendes tão grande desejo
de que eu vos louve, por este motivo
quero vos louvar já de qualquer modo;
e vede qual será a louvação:
dona feia, velha e maluca!
Dona feia, eu nunca vos louvei
em meu trovar, embora tenha trovado muito;
mas agora já farei um bom cantar;
em que vos louvarei de qualquer modo; 
e vos direi como vos louvarei: 
dona feia, velha e maluca!


Eu só respeito (+2x)... à mim.
Não quero ver ninguém chorar mais por aí.
Não quero ver mais ninguém triste sem dormir.
Só vou escrever o que quero escrever.
Não quero que você cante para mim.
(Refrão)
Escutasse o que eu disse ou não?
Suas mentiras não querem sair.
E você pode achar a razão,
Ou que tem ela pra mim.
Eu não dirijo minhas palavras pra ninguém,
A não ser que não seja pra você.
Não tenho idade mais pra me enganar,
E sei que o trouxa aqui não sou mais eu.


Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras eram feitas de forma indireta, utilizando-se de duplos sentidos.

Cantiga de Escárnio – Pero Larouco
Cantiga de Escárnio Atual - Atraso Ou Solução
Composição: Juca Chaves
Sobre vós, senhora, eu quero dizer verda Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade
e não já sobre o amor que tenho por vós:
senhora, bem maior é vossa estupidez
do que a de quantas outras conheço no mundo
tanto na feiúra quanto na maldade
não vos vence hoje senão a filha de um rei
Eu não vos amo nem me perderei
de saudade por vós, quando não vos vir.  de
e não já sobre o amor que tenho por vós:
senhora, bem maior é vossa estupidez
do que a de quantas outras conheço no mundo
tanto na feiúra quanto na maldade
não vos vence hoje senão a filha de um rei
Eu não vos amo nem me perderei
de saudade por vós, quando não vos vir. 
Já meia hora atrasada
o que em ti é natural.
Até pareces, querida,
com os nossos trens da central
isto ainda acaba mal.

Não brinques assim comigo,
com este teu vem ou não vem,
não faças de estação meu coração,
nem faças o teu de trem, tá bem?

Ai, ai, amor, ai que dor
eu sinto o ar esperar
até a chuva já veio,
mas não vens, ai, por que?
quem me dera, minha amada
se tu fostes viatura
cá da nossa prefeitura
pois te dava uma pedrada
muito bem dada.


 Espero que tenham gostado.

Abraços,

Atanael

Manifestos - Trabalhos de Literatura da 3ª série

Caros Leitores,

Ao trabalhar as Vanguardas Europeias do Período Modernista com o pessoal da terceira série, apresentei para eles o Manifesto Futurista, dentre outros, e lancei a ideia de elaboração de um  manifesto que pregasse alguns valores que estamos perdendo ou a respeito de outros assuntos que eles julgassem importante discutir. O resultado deste trabalho estarei postando aqui, em etapas, para que vocês possam perceber o quanto de talento escondido temos nos recantos da sala de aula. Não poderei postar todos, mas colocarei todos aqueles que por resposta à proposta que fizemos, pelo tema escolhido, e que, pelo estilo próprio dos escritores, merecem uma reflexão. Aos estudantes que não tiveram seus manifestos publicados, neste espaço, ficará uma próxima oportunidade, afinal, a vida é feita de etapas, de desafios que se renovam a cada dia.

Parabéns, a todos, pelo trabalho.

Abraços,

Atanael



Manifesto contra a perda de valores

1. O mundo se move em alta velocidade, ele se transforma constantemente, contudo, esquecer de seu passado é como esquecer de quem você é. Não se deixe ser engolido pelas ondas de informação, expresse-se, mexa-se.

2. Devemos nos expor sem vergonha de nos machucar. Como uma tartaruga recém-nascida, temos que lutar pela nossa sobrevivência – no caso, cultural -, pois senão, seremos apenas uma massa de modelar maleável e disponível.

3. A globalização ajuda a economia de países subdesenvolvidos, mas os subordina à suas vontades; a cultura deles os pressiona contra eles mesmos, havendo um choque no psicológico do indivíduo. Precisamos ser fortes e combater contra essas idéias.

4. Hoje, as coisas estão perdendo seu sentido original, e novos significados surgem. E as pessoas se esquecem de como tratar uma pessoa com respeito, com dignidade, como se não soubessem como. Por que elas acham que podem se considerar melhores do que outras?

5. Vamos valorizar a nossa identidade nacional, nossa língua e nossa arte, mas ao mesmo tempo, nós conheceremos a cultura de outros povos para expandir nosso conhecimento e manifestação cultural.

Grupo: Camila Kuroda, Isadora Bragantini e Rodrigo Cortes.
Turma: EM133




 

Manifesto contra o Consumismo

1 – A globalização e as multinacionais estão homogeneizando a cultura mundial, criando uma enorme massa consumidora. Devemos consumir apenas o suficiente e manter a diversidade cultural que enriquece nosso planeta.

2 – Nessa sociedade egocêntrica em que vivemos, nós, cidadãos, deixamo-nos possuir pelo espírito capitalista de acumulo de bens e capitais, e abandonamos nossos sentimentos e valores éticos no canto vazio do esquecimento.

3 – Vivemos em uma sociedade hierárquica, causando um consumismo irracional e exagerado. Um tentando ser melhor que o outro.

4 – O consumismo exagerado está acabando com os recursos naturais do nosso planeta. Devemos dar mais valor às coisas e reciclar tudo que for possível para termos um mundo mais sustentável.

5 – Devemos parar de nos qualificar pelos bens que possuímos. As pessoas devem ser julgadas pelas atitudes e não por ter ou não uma televisão de última geração.

Equipe: Guilherme Tamanini, Lucas Schroeder, Luís Vinholi, Ulisses Júnior - Turma: EM 133




                                MANIFESTO COM RELAÇÃO ÀS RELIGIÕES

01 - Queremos acabar com a hipocrisia nas igrejas. Que as pessoas não vejam as religiões como algo ultrapassado, mas sim como uma sabedoria de vida que se conhece há anos e que precisa, a cada dia, ser renovado com a nossa ajuda.

02 - Que as pessoas não vejam o dízimo como uma forma de "se livrar das missas", como uma forma de "livrar suas almas". Que não vejam o dízimo como uma simples contribuição, ou como um tributo, imposto que é pago para entrar no céu. Que elas vejam o dízimo como uma retribuição por tudo o que recebem de Deus, até pelas coisas "não-compráveis", como a saúde, sua família, seus amigos...

03 - Que os jovens não caiam na hipocrisia de buscar a igreja apenas para "encontrar um bom marido", ou pior, "encontrar um bom ficante". Que eles descubram o verdadeiro amor que Deus tem por todos nós e que eles frequentem mais as instituições religiosas, a fim de renovarem sua fé e até refletirem mais sobre seus atos, sobre como agir com as outras pessoas, sobre como agir diante de situações difíceis.

04 – Que os “veteranos” das religiões dêem mais crédito a nós, jovens. Que eles deixem de ter a visão de que “os jovens são só baderneiros” e que acreditem realmente nos jovens que fazem todas as coisas com boas intenções. Afinal, não somos somente o futuro da igreja. Somos, também, o presente.

05 – Que as pessoas não entrem para um convento ou seminário como forma de se livrar dos problemas pessoais e mundanos, mas que entrem com um desejo verdadeiro de levar e transmitir o amor de Deus e que levem a serio a vida religiosa

Maria Gabriela - EM 134







             Manifesto contra a Displicência Humana

1- Pois então sofremos o furor do tempo. Somos coelhos eletrônicos, fugindo dos whippets, numa tentativa de arranjar tempo, ou escapar dele. Escravos do tempo, Oh tempo escravo, os minutos voam, os segundos se arrastam. Só quem sofre a gravidade é quem a desconhece, desconhece o que ela faz com o tempo que não temos.

2-Tornamo-nos marionetes sem cordas os "pinóquios" da nação. Sem andar sozinhos, manejados sem ideologias certas. Fingimos ser politicamente corretos admirando a margem do cachoeira.Lindo cachoeira,sujo e poluído, nós amamos o rio sem águas límpidas.

3-Rimos da pobreza pisamos em formigas sem remorso. Ignoramos desastres naturais vendo televisão descalços. Damos trocados aos índios para ficarmos em paz. Em seguida tomamos mate gelado e os temos esquecidos.


4-Sóbrios com um copo de uísque quase vazio nas mãos. Sem destino, seguimos uma rotina autoritária. Sendo levianos diante as regras, ficamos cegos sem amor. O amor quebra regras, o humano calça um sapato e pisa no amor. Depois ficamos descalços, é mais confortável.

5-Arrotamos nossos ideais, dizendo-nos honestos quando estamos mentindo. Lutamos por aquilo que não acreditamos. Somos cordiais e sorrimos para ratos. Beijamos os sapos mais verdes e ignoramos os que são pardos. Não percebemos o sol quando não há chuva. È tudo submisso a uma sociedade sem cor. Somos vírgulas de um texto sem pontuação. Apreciamos a dor alheia, desejamos a dor alheia tem reality shows. Cultivamos cultura, somos inúteis da cultura. Pertencemos á sociedade inescrupulosa. Somos os inescrupulosos da nação, enfim.


      Letícia Damer da Costa.

Maria Caroline Silva Nunes.
      Maria Luiza Ferreira Coelho.
EM 131




 





             Manifesto Contra a Mídia Controladora



1. Queremos alertar a população sobre a lavagem cerebral da mídia.

2. Vamos nos voltar contra a mídia de massa que glorifica pessoas fúteis e não agrega valores.

3. Nós queremos exaltar a independência do filósofo, do escritor... Do indivíduo.

4. Tendo em vista uma sociedade mais culta queremos a volta dos grandes pensadores e o extermínio da informação fútil.

5. Vamos nos levantar contra esta mídia que bestifica, banaliza e escraviza. Vamos nos voltar contra a "normose" que ela nos faz sofrer.


            Adélia Gabriela da Rosa

      Jennifer Miers
      Leenaker Barreto Ribeiro
      EM-132

sábado, 5 de março de 2011

Tempo - Geni e o Zepelim - Chico Buarque


Amigos,

Ainda falando do tempo, trato aqui de um intertexto que o genial Chico Buarque fez do conto A Bola de Sebo, de Guy de Maupassant. Tanto o conto quanto a música Geni e o Zepelim (http://www.youtube.com/watch?v=jsB--twZgngdescrevem uma maneira realista a sociedade hipócrita, oportunista e sem memória em que, ainda, vivemos. É o tempo social que arrasta homens e mulheres num mesmo encadeamento de atividades e que, muitas vezes, os torna tão exatos que consequentemente os aliena. Fazendo-os, assim, perder o mais importante enquanto seres humanos que somos, ou seja, o bom senso.

Fiquem com Deus,

Atanael

Geni e o Zepelim Chico Buarque/1977-1978
Para a peça Ópera do malandro, de Chico Buarque
 
De tudo que é nego torto
Do mangue e do cais do porto
Ela já foi namorada
O seu corpo é dos errantes
Dos cegos, dos retirantes
É de quem não tem mais nada
Dá-se assim desde menina
Na garagem, na cantina
Atrás do tanque, no mato
É a rainha dos detentos
Das loucas, dos lazarentos
Dos moleques do internato
E também vai amiúde
Co'os velhinhos sem saúde
E as viúvas sem porvir
Ela é um poço de bondade
E é por isso que a cidade
Vive sempre a repetir
Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Um dia surgiu, brilhante
Entre as nuvens, flutuante
Um enorme zepelim
Pairou sobre os edifícios
Abriu dois mil orifícios
Com dois mil canhões assim
A cidade apavorada
Se quedou paralisada
Pronta pra virar geleia
Mas do zepelim gigante
Desceu o seu comandante
Dizendo –- Mudei de ideia

– Quando vi nesta cidade
– Tanto horror e iniquidade
– Resolvi tudo explodir
– Mas posso evitar o drama
– Se aquela formosa dama
– Esta noite me servir
Essa dama era Geni
Mas não pode ser Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

Mas de fato, logo ela
Tão coitada e tão singela
Cativara o forasteiro
O guerreiro tão vistoso
Tão temido e poderoso
Era dela, prisioneiro
Acontece que a donzela
– e isso era segredo dela –
Também tinha seus caprichos
E a deitar com homem tão nobre
Tão cheirando a brilho e a cobre
Preferia amar com os bichos
Ao ouvir tal heresia
A cidade em romaria
Foi beijar a sua mão
O prefeito de joelhos
O bispo de olhos vermelhos
E o banqueiro com um milhão
Vai com ele, vai Geni
Vai com ele, vai Geni
Você pode nos salvar
Você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um
Bendita Geni

Foram tantos os pedidos
Tão sinceros, tão sentidos
Que ela dominou seu asco
Nessa noite lancinante
Entregou-se a tal amante
Como quem dá-se ao carrasco
Ele fez tanta sujeira
Lambuzou-se a noite inteira
Até ficar saciado
E nem bem amanhecia
Partiu numa nuvem fria
Com seu zepelim prateado
Num suspiro aliviado
Ela se virou de lado
E tentou até sorrir
Mas logo raiou o dia
E a cidade em cantoria
Não deixou ela dormir
Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni

quarta-feira, 2 de março de 2011

Filosofando sobre o tempo


Caros Leitores,


O Tempo é um tema intrigante que desafia poetas, cientistas, jornalistas, escritores, artistas... Mesmo nós, cidadãos pós modernos ou não, vivemos esse tempo correndo contra o tempo, e muitas vezes nos perguntamos: Por que o tempo passa tão depressa? Por que apesar da tecnologia e da informatização justificamos sempre não termos tempo?  Foi pensando assim que meus alunos da 2ª série desafiaram o tempo para expressarem, a partir da palavra escrita, suas concepções a respeito deste tema. Estarei postando neste espaço alguns textos filosóficos, poemas e/ou narrativas muito interessantes, porque acredito que as discussões e produções de qualidade não devam ficar restritas ao tempo e aos limites da sala de aula. Espero que gostem, e se sintam libertos também para escreverem enquanto há tempo... Ah, se sobrar TEMPO deixem comentários.

Abraços,

Atanael


Escravos do Tempo

      Tempo, muitos diriam que tudo se resolve com ele, que esperando cura-se tudo, que os corações partidos voltam a se tornar inteiro e que os problemas são resolvidos com o passar dos dias. Outros diriam que o tempo não cura nada. Que só tira o incurável do centro das atenções. Algumas pessoas concordam outras discordam, afinal o espírito humano a cada dia que passa se torna mais curioso, reflexivo e intrigante.
      Se todas as pessoas notassem o tempo, veriam como ele é rápido, cauteloso e também perigoso. Veríamos que às vezes o perdemos e para encontrá-lo, é superficialmente tarde. E às vezes estamos ocupados demais fazendo planos para o futuro, que esquecemos do próprio presente e até do passado.
      Às vezes imagino como seria se pudéssemos voltar no tempo. Tentaríamos corrigir os erros cometidos? Aproveitaríamos mais cada momento? Falaríamos aquilo que temos vontade de falar, mas por medo do próprio medo, desistimos de dizer? É difícil saber. Entretanto não é impossível. Talvez todas as respostas que buscamos, estão dentro de nós mesmos.
      Se pararmos para pensar em quantas coisas poderíamos ter feito, quantos momentos se tornariam melhores ou até perfeitos, quantas oportunidades não teríamos perdido, quantos amigos novos teríamos ganho e o quanto feliz poderíamos ter sido. Mesmo assim, não devemos deixar com que a idéia de estar jogando a vida fora atormente nossos pensamentos. Todos sabem que nunca é tarde para recomeçar a viver, só precisamos de tempo suficiente para reconstruir nossas vidas mais uma vez.
     

Jaqueline Nunes de Oliveira
EM 123



 
Enigmas do Tempo

Tempo, algo que não volta
Transforma nossa vida e nossos caminhos
Sem se importar com quem somos
Quem amamos e o que queremos.

Passa sem piedade
Leva consigo sonhos e amizades
Vitórias e conquistas
Amores e desilusões.

Tempo é inexplicável
Momentos felizes passam voando
Já os tristes duram uma eternidade.

Jamais entenderemos seus mistérios
Suas mudanças, sua essência
Só sabemos que continuará passando.


Andrei F. Vailati Em 125


Vai e Vem

Tudo o que passamos,
e que iremos passar,
tudo se vai com o vento
tudo se foi com o tempo.


Nas candeias em nossos caminhos
devemos parar, olhar e questionar!
Onde estamos ou por que saímos de nossos ninhos
e como, deixamos o tempo passar?


Cada brisa, cada onda, cada brilho
tudo acaba, e lembramos instantaneamente,
como um trem procurando por seu trilho,
porque tudo ainda vive em nossa mente


Como um cálice que virou-se após o vinho
Mas durou, enquanto durou o momento
e a roda que já girou demais nosso moinho
hoje para o meu vai e vem do tempo.


Eduardo Felipe Borges S.
Turma: EM 125



Os mistérios do tempo

Tempo é como as ondas do mar
É um vai e vem constante
Um leva e traz de flores e espinhos
Às vezes tão rápido que nem notamos.

É uma faca de dois gumes
Ao mesmo tempo que nos traz felicidade
Nos apunhala trazendo tristezas.

Sempre incerto e misterioso
Não há como prevê-lo
Mesmo assim continuamos vivendo
Esperando que nos reserve algo bom.

O correto e viver intensamente
Cada momento de nossas vidas
Pois quem vive pelo tempo morto está.

Aluno:  André  Luiz  Vailati 
Turma: EM125


Passado Negro 

O meu passado volta a minha mente
A chuva cai, e o crepúsculo novamente aparece
Cada segundo que perdi com você
Corrói minha alma, escurece meu presente.


Todo tempo que perdi com você
É uma história de terror
Eu a mocinha
Você o monstro, o horror.


Você me colocou num poço de tristeza e solidão
Esse lugar é frio, escuro
E tudo que preciso para sair
É de uma ajuda, uma mão.


Minha melancolia te renova com o passar do tempo
Lágrimas negras, pelo meu rosto escorrem
Rastejo para o meu refúgio
Onde o escuro e o martírio me escondem.


O meu passado obscuro se foi
Hoje você não existe mais
Cada pedaço da sua existência sumiu
E as lágrimas negras da solidão não existirão jamais.


Aluna: Mylene Gonzaga Alves
Turma: EM-126


O Ritmo Certo

Pra muitos a vida voa, para poucos ela engatinha e para mim ela vai passando sem que eu perceba.
O novo século reclama da falta de tempo, dizem não terem mais tempo para ser feliz.
Eu vivo nesse século e não penso assim.
           Um dia li a seguinte frase: “O tempo serve, mas não existe”. A busca pelo impossível fez com que víssemos o tempo como algo concreto e extremamente ágil. Pra mim, isso era verdade até pouco tempo atrás.
            O tempo serve, mas não existe.  O tempo serve para marcamos os nossos anos de vida, nossas horas no trabalho e nossos minutos de prazer. Que tempo cruel esse, hein? Acredito que o tempo não sirva para isso, o relógio, deveria ser abolido. Mas então isso nos levaria ao caos?!! Talvez.
Mas assim não haveria limite no prazer de ser criança, nos adoráveis delírios da adolescência, no amadurecimento de ser adulto, e no descanso de ser um idoso aposentado. Haveria menos guerras, pois não pensaríamos no futuro da nação, mas no nosso presente, onde a busca pela paz é o que faz a diferença. A busca pelo poder não existiria, pois teríamos todo o tempo que quiséssemos para alcançar nosso objetivo sem precisar machucar ninguém. Haveria menos divórcios, pois o tempo par a família poderia ser infinito. E quem sabe não teríamos tanta tristeza, pois o amor duraria pra sempre.
Isso, no entanto, só seria possível se o tempo não existisse. E nesse mundo o tempo é mais real do que tudo. Ele marca cada ruga em sua face, cada bebê que nasce, cada segundo da sua respiração e cada batida do seu coração. O tempo te mata.
Pois ele agora ele é real. E nossas vidas foram organizadas matematicamente em cima dos ponteiros do relógio. E cada segundo perdido é precioso. É, infelizmente o tempo existe.
Porém, não perco a fé. Espero que após a morte haja outra vida onde o tempo não exista e possamos desfrutar do seu paraíso... Cada um no ritmo que julgar certo.

Estudante: Bianca Novaes de Lima
 Em - 125


O Caminhar do Tempo

Elegante e bem vestido
Lá se vai o Tempo
Com aparência sorridente
Olha lá ele abanando pra gente.

1, 2, 3 minutos depois
Nem sinal do senhor Tempo
Pra quem viu e quem não viu
Ele está na rua Azul Anil.

Um corre corre logo mais
Olhe lá, ele vem chegando
Sutil e perspicaz
Um tanto quanto sagaz.

De repente todos veem
Ao seu lado sua amiga
Que para ele o nome é Sorte
E para nós é a Dona Morte.

Com seu rosto esbranquiçado
Vai roubando um por um
Pouco para o seu contento
Lá se vai ela e o Tempo.

Amanda Dognini
EM 125