sábado, 18 de junho de 2011

Cultura Indígena - Vídeos para produção de Reportagem




PROFECIA REALIZADA HÁ MAIS DE 200 ANOS POR “OLHOS DE FOGO” UM VELHA ÍNDIA CREE(Nação Indígena dos Estados Unidos da América)

“ Um dia a Terra vai adoecer. Os pássaros cairão do céu, os mares vão escurecer e os peixes aparecerão mortos na correnteza dos rios.
Quando esse dia chegar, os índios perderão seu espírito. Mas vão recuperá-lo para ensinar o homem branco a reverência pela sagrada Terra.
Aí, então, todas as raças vão se unir sob o símbolo do arco-íris, para terminar com a destruição.
Será o tempo dos Guerreiros do Arco-Irís “

Fonte: Almanaque do Fazendeiro – Edição 1998 – pág 76

Caros estudantes das 2ªs séries,

Como vocês já vêm algum tempo estudando sobre as questões indígenas nas aulas de Sociologia, proponho então, que façam uma reportagem investigando as questões culturais deste sábio povo que nos acolheu, cuja relação de fidelidade com a natureza, por si só já justifica o quanto merecem o nosso respeito, e quanto temos ainda a aprender. Deixo abaixo, a letra Águia Dourada, de Roberto Carlos para que reflitam, sendo que vocês ainda podem assistir ao vídeo, que é o primeiro link, dentre os muitos que coloquei para que possam ter mais subsídios para fazer o trabalho. Proponho que façam o trabalho em grupo de no máximo 05 pessoas, e não deixem de lado as análises que fizemos das reportagens em sala de aula, pois servirão de base. Numa postagem anterior a esta, tenho o documentário a respeito da construção da Usina de Belo Monte, além de um comentário sobre um conto do escritor Daniel Munduruku, que é um índio.

Abraços,

Professor ATANAEL

ÁGUIA DOURADA

ROBERTO CARLOS / ERASMO CARLOS

Águia bonita que voa no espaço
Aqui da Terra vejo passar
Riscando o azul, dourado traço
Linha ascendente no ar
Eu sou um Índio e aqui do asfalto
Olho no alto caminhos seus
Meus pensamentos sempre te encontram
Voando perto de Deus

Rápido como um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Mostra a esse povo civilizado
Que todo índio sabe viver
Com a natureza sempre a seu lado
E olhando o céu pode ver

Que o vento sopra e a chuva cai
As nuvens passam e você vai
Asas abertas, força e coragem
Vão nesse rumo de paz

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Natureza que reclama
Flores, folhas, verde vida
Rios, mares se derramam pela terra tão ferida
Ventos pedem, choram e chamam

Águia, me mostra no meu caminho
Como se pousa longe do espinho
Como se luta por esse mundo
Como se salva esse ninho

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Rápido com um raio


























sábado, 4 de junho de 2011

Liberdade para voar - a Gabriel M. e a outros queridos e autênticos alunos


Caros amigos,

Hoje, 04 de junho, dia de meu aniversário de 35 anos, resolvi me dar um presente. Fiz uma releitura de um conto que havia lido uma vez que fiz um curso de contação de histórias com a Dra Sueli Cagnetti, e que tem como título Tempo de Mudar. Este conto está no livro Tempo de Histórias, de Daniel Munduruku. O conto é autobiográfico, e fala de uma experiência do autor que é índio, mas que se formou professor na cidade, com a missão de ensinar a liberdade para seus estudantes. Ensinar a liberdade dos índios na escola dos brancos não significa o mesmo que ensinar a ser índio. Munduruku academizado ensinou a seus alunos a liberdade dos homens por meio da expressão, da fala, da escrita. Mas nesse conto ele relata o momento em que chegou a hora de se despedir da escola e dos alunos: "Nunca pensei que fosse tão difícil ser educador. Não tanto pelos alunos, mas especialmente pela estrutura educacional ser sempre muito conservadora e não permitir mudanças. E educar jovens requer irreverência, acolhida e dedicação. Esses três elementos se confundem no cotidiano do verdadeiro educador, mas também o realizam". Quando Munduruku anuncia aos alunos a sua saída da instituição, anuncia-se também uma revolta, sendo que muitos de seus estudantes o acusam de covarde. Mas depois de 30 dias, no último dia seu na escola, os alunos lhe preparam uma surpresa: " [...] todos meus alunos estavam pintados, uns no rosto, outros nos braços, meninas com saias de palha, rapazes com maracás em punho, cocares nas cabeças. Chegaram entoando um canto, um lamento. Dirigiram-se ao centro da escola, um pátio circular. [...] Os jovens se assentavam em círculo. Todas as classes da escola vieram ver a cena. [...] no meio da roda o jovem Helder se posicionou. Trazia uma pintura muito bem delineada no corpo. Estava sério. Olhou para todos os colegas e fixou seu olhar em mim. Fiquei espremido com aquele olhar. [...] Helder falou em voz alta para nós: - Hoje é um dia de luto para nós. De luto e de luta. Temos ouvido falar muita coisa sobre a liberdade do outro. Dizem que é saber fazer o bem ou escolher o mal. Isto é ser livre, dizem. Mas será que isso é verdade? Será que alguém pode ser realmente livre? Alguém pode ser livre quando fala de uma estrutura caduca como a escola ou como o Estado ou como a política? Não. Ninguém pode ser livre. E sabem por quê? [...] Certamente não sabem o porquê. A resposta, porém é simples: porque somos escravos das estruturas que criamos e ninguém pode ser livre se se depende dessas mentalidades escravagistas que nossa sociedade possui. Mas há uma modalidade de liberdade que não pode nunca ser tirada das pessoas: a liberdade que mora em nosso pensamento. [...] Hoje estamos tristes porque uma pessoa que nos ensinou a ser livres foi mais uma vítima das estruturas impostas a todos nós. E talvez tenha sido vítima de seu próprio pensamento libertador. Ele nos ensinou a ser livres, pois vive sua liberdade. A ele queremos homenagear com nossa pintura corporal e com nosso canto de guerra e lamento. Caro professor, leve com você nossa gratidão eterna. Hoje somos homens e mulheres livres, graças a sua liberdade. Levaremos conosco, para sempre, as histórias que você nos contou durante nossos encontros. A sabedoria do seu velho avô que virou nosso avô também e nos tornou participantes dos caminhos do universo". O conto e todo o livro é de uma beleza imensa, fala muito de memória, de memória coletiva que este índio-professor levou para os seus alunos ao professar a mensagem dos povos da floresta. Vale à pena ler, mas antes gostaria de explicar-lhes a razão pela qual o escolhi para aqui descrevê-lo. A primeira razão tem a ver com a minha indignação no que diz respeito à maneira como estão sendo tratados nossos professores e toda a educação em  Joinville, em Santa Catarina e em todo o Brasil. A segunda questão diz muito respeito a um vídeo que tive o privilégio de assistir, e que fala sobre a construção da usina de Belo Monte, Xingu. O vídeo é um grito de guerra dos nossos irmãos índios, que contra-argumentam a construção da usnina, prometida pelo governo do PT, e que afetaria a cultura dos nossos índios, assim como implicaria em seu auto-sustento. O que mais  me indigna nesse corpo de Atanael é a indiferença social, mas nesse caso sinto ainda maior indignação pelo fato de ninguém desse governo branco os escutor, ainda o tratam como bichos, como os portugueses que aqui desenbarcaram em 1500. Mas a razão que calou forte em mim, não posso negar, foi quando um aluno entrou em meu blog e elogiou a maneira como me relaciono com meus seguidores. Ele sugeriu que eu deveria também agir do mesmo modo em sala de aula. Fiquei pensando: há um tempo atrás eu encantava meus alunos... sei que os tempos mudaram, e em tempo de hipertextos e hipermídia, ensinar literatura e redação não tem sido uma tarefa tão fácil, principalmente quando as estruturas educacionais mais atrapalham que ajudam. Mas refleti muito sobre o que ele assinalou-me, na verdade doeu-me bastante, e só suportei porque entendi que chegou a hora de mudar, de entender que o período de pós-modernidade, na qual vivemos, não permite que demos conta de tudo. Talvez, tenha chegado o meu tempo de emigrar da sala de aula, talvez a própria estrutura educacional não tenha mais permitido que eu seja realmente eu mesmo, como o sou aqui neste blog. Aqui sou livre, porque falo o que penso e da maneira que quero. Quero que meus estudantes, tal qual os de Daniel Munduruku, sejam livres, mas para o ser, é necessário ler, escrever, buscar... Eu me sinto livre aos 35 de idade, graças a Deus que guiou meus caminhos, graças aos livros que iluminaram minha mente. Talvez nunca o serei como um índio ou como uma águia, mas posso ensinar o caminho para a liberdade a outros, além disso, o sou para mim, e isso me basta.

RESSALVAS:
Sobre a liberdade, gostaria de indicar um filme chamado Pelle, o conquistador. É uma produção sueco-dinamarquesa, digna de estupores (deixo o link abaixo).

Deixo também alguns vídeos relacionados ao que tratei aqui. Mas, principalmente a sugestão para ler o livro de contos indígenas Tempo de Histórias, de Daniel Munduruku.

Abraços,

Atanael

Povos do Xingu contra a construção de Belo Monte:
http://www.youtube.com/watch?v=ZmOozYXozb8

Depoimento da professora Amanda Gurgel:
http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA

Trailler do filme Pelle, o conquistador:
http://www.youtube.com/watch?v=h7eK8nzVMD8