sexta-feira, 22 de junho de 2012

CRÔNICAS ESTUDANTIS - TUPY


Caros Leitores,

As crônicas, aqui expostas, são de autoria dos talentosos estudantes da segunda série do Ensino Médio da escola em que trabalho. Elas foram produzidas durante o cotidiano escolar, e representam, o grito preso na garganta desta juventude que também quer denunciar aquilo que lhe incomoda. Estarei postando gradativamente. Espero que curtam!

Abraços,

Atanael Lemos Corrêa


Preconceito do verbo Pré-conceituar

Sara Luiza Braga (EM-122) 

Todo mundo já folheou um dicionário, seja na sua vida escolar para procurar se uma determinada palavra escrevia-se com um ou dois ”r”, ou para os amantes de um bom livro, saber o significado daquela palavra tão estupidamente complexa. 

Hoje estava eu, folheando o dicionário na lista da letra P, quando uma palavra tão conhecida e feia chamou-me a atenção. E então, subitamente me vi aqui, em frente a esse pedaço de papel e o desafio de escrever sobre um tema que confronta a todos nós: O preconceito.

Segundo o tão conhecido Aurélio, preconceito é um conceito formado antecipadamente, uma ideia sem fundamento. Abaixei minha cabeça como quem consente e aceitei o desafio que a mim mesma fiz.

É fato: Vivemos em uma ditadura quase que imperceptível mas mesmo assim não deve ser ignorada. Os ditadores, porém, são outros: Agora é a sociedade que determina que ser diferente do padrão que o senso comum rotula ”ideal” é errado, mesmo que de fato somos todos iguais independente de qualquer circunstancia. O preconceito virou doença contagiosa do tipo “Você tá com preconceito?” “Não, tomei preventivo”.

Transformou-se em uma equação Matemática: Pegando três tipos de cores de pele, somando o formato do corpo diferente do que se vê nas revistas e comerciais, a conta bancária, subtraindo o bom senso e multiplicando pela ignorância da sociedade tem-se o preconceito, palavra e atitude tão estúpidas, que aliás, virou verbo. Todo e qualquer tipo de sujeito sofre e pratica o verbo pré-conceituar. Esse mal que cega, aprisiona a alma, a mente. Se procurassem a cura para essa doença, a resposta final da equação Matemática, iriam abrir o dicionário na lista da letra A, buscar pela palavra “admitir” e colocá-la em prática. Porque a mudança começa na gente, olhando para dentro de nós e admitindo que somos preconceituosos sim, mas todos os dias lutamos contra isso.




Fim à nostalgia

Bruna Caroline Dutsol EM 123 

         Era manhã do dia 22 de junho, o frio intenso cobria a cidade, a solidão e a gelidez na minha cama estavam enroladas no cobertor e já faziam parte do meu ambiente rotineiro. Como mais uma manhã levantei da cama, fiz o café, coloquei o roupão e fui até a varanda sentir a brisa fria que me fazia arrepiar. Peguei minha caneca, e o jornal, e comecei a folheá-lo, então, me senti sozinha, como se tivesse algo errado comigo. Já se faziam 12 meses desde minha perda desastrosa. Cada dia que se passava imaginava que as coisas iriam melhorar e logo esqueceria as memórias de minha querida mamãe, porém a cada dia parecia que o vazio no meu peito aumentava. Os vizinhos falavam que eu devia me abrir, procurar um amor que me fizesse esquecer, que me ensinasse a lutar, que me devolvesse a vontade de sonhar e de viver.
A cada noticia no jornal,rolava uma lágrima, e novos pensamentos me assombravam, o quão fácil é demonstrar raiva, ter impaciência quando se está irritado, e o quão difícil é demonstrar amor por quem realmente se importa conosco... e só nós damos conta quando perdemos o que amávamos. E ainda fingir que estamos bem pode parecer a melhor opção, vestir a máscara e dizer que está tudo certo, e logo depois perceber que não podemos enganar o nosso próprio coração.
As lágrimas que derramei pela manhã serão esquecidas e mais uma vez vou tentar acreditar, achar forças dentro de mim para resgatar algo que não deveria ter perdido ou esquecido. Foram essas palavras que eu citei para eu mesma. Portanto, decidi tomar uma atitude. Peguei uma folha de papel - estava procurando algo novo que me fizesse voltar a acreditar. Foi então que escrevi PROCURA-SE ALGUÉM QUE QUEIRA AMAR, lacrei o envelope e em seguida enviaria ao Noticias do Dia. Porém ao olhar atentamente a folha do jornal uma matéria intitulada “Elas só querem alguém para amar”, chamou a minha atenção. Então, vi um endereço no fim da página. Foi assim que levantei e resolvi ir até a rua Affonso Pena, 680. Com toda certeza existem muitas crianças se sentindo solitárias, simplesmente procurando alguém, para que possa retribuir todo o amor que elas têm para dar.



Pagar para quê?


Beatriz Tomasi - EM 123

 Poluição visual, acidente de carro, no mensalão, governo corrupto, ou não, salário em procuração. Procura-se emprego, clima ou tempo, Gugu ou Faustão? E a obra em andamento? Acorda, é ano de eleição.
Somos nós quem nos acostumamos a rodear fatos que acontecem no dia-a-dia e que são transmitidos já manipulados pelos canais abertos de televisão, então, quem sabe o que é real ou não? 
      Quem não quer dar espaço à máquina manipuladora que opte a um livro ou televisão a cabo. Mais pagar televisão a cabo para quê, não é? Eu quero é ver o carnaval, a praça que ainda é nossa, o Brasil hexacampeão, e para isso ver a reforma do Morumbi, dai é só ligar a televisão que a gente se vê por aqui.





sexta-feira, 25 de maio de 2012

Em alto e bom (?) som - Clarice Steil Siewert

Em alto e bom (?) som

Clarice Steil Siewert

São duas horas da tarde de um feriado de Carnaval. Já foi a festa da noite anterior, já foi o banho de mar, já foi a cerveja e o almoço em família. O que resta agora é aquele repouso lânguido na rede, privilégio dos moradores do mundo tropical, momento em que o corpo vai no balanço e a cabeça vira nuvem. E nessa folga rara dos que trabalham demais, “AI SE EU TE PEGO, AI AI SE EU TE PEGO. DELÍCIA, DELÍCIA”, passa um carro qualquer com um som que não deixa mais nenhum pensamento entrar de férias.


Carro com som alto é algum tipo de prova de masculinidade ou algo assim. É alguém se mostrando poderoso e impondo sua vontade e (geralmente) mau-gosto musical. Eu sempre me pergunto quando estou caminhando na praia ou indo comprar pão, por que sou obrigada a ouvir a música deles? “TCHERERE TCHÊ TCHÊ / TCHERERETCHÊ / TCHÊ, TCHÊ, TCHÊ”. Será que não tenho mais direito a devaneios fortuitos?



Eu fico tentando imaginar o que as pessoas que abrem o porta-malas do carro e ligam seus autofalantes, cornetas e subwoofers pensam ao escolher a música? A maioria, eu imagino, pensa simplesmente que “essa é massa, vai bombar”. Então, colocam num volume que quem está perto não consegue conversar e quem está longe não tem outra opção que não ouvir. A minha raiva aumenta ao pensar que tem gente que ainda justifica “se não quer festa, fica em casa”. Se eu quiser festa, eu procuro uma nos lugares determinados. Eu não preciso tomar sorvete às onze horas da manhã ouvindo “TO QUE TO PEGANDO FOGO”.



Carnaval é festa e bagunça, eu sei, mas só é bom quando bem organizado. Senão é só desrespeito e má-educação mesmo. Fazer castelos de areia com as crianças ouvindo “SENTA QUE É DE MENTA, SENTA QUE É DE MENTA” não é bem um momento relaxante. Por incrível que pareça, algumas pessoas vão para praia só para descansar mesmo.



No trânsito de todo dia também temos que ouvir a música dos outros. Mas pelo menos é algo que passa logo. Não fica estacionado no nosso ouvido. Uma vez vi uma reportagem sobre uma festa feita ao ar livre em que os participantes ouviam as músicas com um fone de ouvido. Achei muito interessante. Para participar da festa, era só colocar o fone. Se quisesse conversar com mais calma, era só tirar o fone. E o resto da população mundial poderia continuar suas vidas normalmente. Pensei em distribuir fones de ouvido na praia, nas casas dos vizinhos, fones de ouvido gratuitos pela rua!



Eu quero aproveitar esse espaço e dizer em alto e bom som: DEIXEM MEUS OUVIDOS EM PAZ! Mas faço isso em um instrumento que acredito democrático e o máximo que consigo é usar letras maiúsculas. Não sei se é o suficiente para que ouçam o meu apelo, mas fica aqui o registro. Mesmo que mudassem o repertório, tem momentos que temos direito ao silêncio, até no Carnaval.
CRÔNICA:

Conceituar crônica é um tanto difícil, pois sempre corremos o risco de sermos incompletos. É mais fácil falarmos do papel do cronista. O ser cronista é um ser crítico, e, portanto, é aquele que observa o mundo a sua volta mas não se conforma com a realidade que vê. Sendo assim, coloca no seu texto todas as suas impressões e indagações possíveis, seja ela do cotidiano, da sociedade, da essência humana... Às vezes escreve de forma humorada, às vezes o seu humor não está dos melhores, e, a crônica sendo tão humana transcendo o seu Eu-lírico. Sim, porque crônica é isso aí, pode ser escrita em primeira ou terceira pessoa. Pode ser um caso imaginário ou uma informação colhida ou ainda uma experiência pessoal de seu autor. Nela impera a informalidade, e pode ser descritiva, narrativa, narrativo-descritiva; reflexiva, metalinguística, poética entre outras.
Abro neste espaço um concurso de crônicas para vocês, caros estudantes. Você pode postar sua crônica nos comentários, e após minha leitura, se você autorizar, posso publicar como texto no blog.

Abraços,

Professor Atanael Lemos Corrêa

sábado, 2 de julho de 2011

CLARIDADE - MARIA LÚCIA SIMÕES

PARA REFLETIR:



CLARIDADE

A mulher chegou para o marido com o rosto completamente iluminado e ele se irritou porque há muito se esquecera como e onde se acendia essa luz. E por mais que se esforçasse não conseguiu se lembrar.

A mulher iluminada foi se deitar ao seu lado e ele passou a noite sem dormir porque se acostumara ao escuro."

Maria Lúcia Simões. Contos contidos

sábado, 18 de junho de 2011

Cultura Indígena - Vídeos para produção de Reportagem




PROFECIA REALIZADA HÁ MAIS DE 200 ANOS POR “OLHOS DE FOGO” UM VELHA ÍNDIA CREE(Nação Indígena dos Estados Unidos da América)

“ Um dia a Terra vai adoecer. Os pássaros cairão do céu, os mares vão escurecer e os peixes aparecerão mortos na correnteza dos rios.
Quando esse dia chegar, os índios perderão seu espírito. Mas vão recuperá-lo para ensinar o homem branco a reverência pela sagrada Terra.
Aí, então, todas as raças vão se unir sob o símbolo do arco-íris, para terminar com a destruição.
Será o tempo dos Guerreiros do Arco-Irís “

Fonte: Almanaque do Fazendeiro – Edição 1998 – pág 76

Caros estudantes das 2ªs séries,

Como vocês já vêm algum tempo estudando sobre as questões indígenas nas aulas de Sociologia, proponho então, que façam uma reportagem investigando as questões culturais deste sábio povo que nos acolheu, cuja relação de fidelidade com a natureza, por si só já justifica o quanto merecem o nosso respeito, e quanto temos ainda a aprender. Deixo abaixo, a letra Águia Dourada, de Roberto Carlos para que reflitam, sendo que vocês ainda podem assistir ao vídeo, que é o primeiro link, dentre os muitos que coloquei para que possam ter mais subsídios para fazer o trabalho. Proponho que façam o trabalho em grupo de no máximo 05 pessoas, e não deixem de lado as análises que fizemos das reportagens em sala de aula, pois servirão de base. Numa postagem anterior a esta, tenho o documentário a respeito da construção da Usina de Belo Monte, além de um comentário sobre um conto do escritor Daniel Munduruku, que é um índio.

Abraços,

Professor ATANAEL

ÁGUIA DOURADA

ROBERTO CARLOS / ERASMO CARLOS

Águia bonita que voa no espaço
Aqui da Terra vejo passar
Riscando o azul, dourado traço
Linha ascendente no ar
Eu sou um Índio e aqui do asfalto
Olho no alto caminhos seus
Meus pensamentos sempre te encontram
Voando perto de Deus

Rápido como um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Mostra a esse povo civilizado
Que todo índio sabe viver
Com a natureza sempre a seu lado
E olhando o céu pode ver

Que o vento sopra e a chuva cai
As nuvens passam e você vai
Asas abertas, força e coragem
Vão nesse rumo de paz

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Natureza que reclama
Flores, folhas, verde vida
Rios, mares se derramam pela terra tão ferida
Ventos pedem, choram e chamam

Águia, me mostra no meu caminho
Como se pousa longe do espinho
Como se luta por esse mundo
Como se salva esse ninho

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Rápido com um raio
Repentino como um trovão
Veloz como a águia dourada
Na imensidão

Rápido com um raio


























sábado, 4 de junho de 2011

Liberdade para voar - a Gabriel M. e a outros queridos e autênticos alunos


Caros amigos,

Hoje, 04 de junho, dia de meu aniversário de 35 anos, resolvi me dar um presente. Fiz uma releitura de um conto que havia lido uma vez que fiz um curso de contação de histórias com a Dra Sueli Cagnetti, e que tem como título Tempo de Mudar. Este conto está no livro Tempo de Histórias, de Daniel Munduruku. O conto é autobiográfico, e fala de uma experiência do autor que é índio, mas que se formou professor na cidade, com a missão de ensinar a liberdade para seus estudantes. Ensinar a liberdade dos índios na escola dos brancos não significa o mesmo que ensinar a ser índio. Munduruku academizado ensinou a seus alunos a liberdade dos homens por meio da expressão, da fala, da escrita. Mas nesse conto ele relata o momento em que chegou a hora de se despedir da escola e dos alunos: "Nunca pensei que fosse tão difícil ser educador. Não tanto pelos alunos, mas especialmente pela estrutura educacional ser sempre muito conservadora e não permitir mudanças. E educar jovens requer irreverência, acolhida e dedicação. Esses três elementos se confundem no cotidiano do verdadeiro educador, mas também o realizam". Quando Munduruku anuncia aos alunos a sua saída da instituição, anuncia-se também uma revolta, sendo que muitos de seus estudantes o acusam de covarde. Mas depois de 30 dias, no último dia seu na escola, os alunos lhe preparam uma surpresa: " [...] todos meus alunos estavam pintados, uns no rosto, outros nos braços, meninas com saias de palha, rapazes com maracás em punho, cocares nas cabeças. Chegaram entoando um canto, um lamento. Dirigiram-se ao centro da escola, um pátio circular. [...] Os jovens se assentavam em círculo. Todas as classes da escola vieram ver a cena. [...] no meio da roda o jovem Helder se posicionou. Trazia uma pintura muito bem delineada no corpo. Estava sério. Olhou para todos os colegas e fixou seu olhar em mim. Fiquei espremido com aquele olhar. [...] Helder falou em voz alta para nós: - Hoje é um dia de luto para nós. De luto e de luta. Temos ouvido falar muita coisa sobre a liberdade do outro. Dizem que é saber fazer o bem ou escolher o mal. Isto é ser livre, dizem. Mas será que isso é verdade? Será que alguém pode ser realmente livre? Alguém pode ser livre quando fala de uma estrutura caduca como a escola ou como o Estado ou como a política? Não. Ninguém pode ser livre. E sabem por quê? [...] Certamente não sabem o porquê. A resposta, porém é simples: porque somos escravos das estruturas que criamos e ninguém pode ser livre se se depende dessas mentalidades escravagistas que nossa sociedade possui. Mas há uma modalidade de liberdade que não pode nunca ser tirada das pessoas: a liberdade que mora em nosso pensamento. [...] Hoje estamos tristes porque uma pessoa que nos ensinou a ser livres foi mais uma vítima das estruturas impostas a todos nós. E talvez tenha sido vítima de seu próprio pensamento libertador. Ele nos ensinou a ser livres, pois vive sua liberdade. A ele queremos homenagear com nossa pintura corporal e com nosso canto de guerra e lamento. Caro professor, leve com você nossa gratidão eterna. Hoje somos homens e mulheres livres, graças a sua liberdade. Levaremos conosco, para sempre, as histórias que você nos contou durante nossos encontros. A sabedoria do seu velho avô que virou nosso avô também e nos tornou participantes dos caminhos do universo". O conto e todo o livro é de uma beleza imensa, fala muito de memória, de memória coletiva que este índio-professor levou para os seus alunos ao professar a mensagem dos povos da floresta. Vale à pena ler, mas antes gostaria de explicar-lhes a razão pela qual o escolhi para aqui descrevê-lo. A primeira razão tem a ver com a minha indignação no que diz respeito à maneira como estão sendo tratados nossos professores e toda a educação em  Joinville, em Santa Catarina e em todo o Brasil. A segunda questão diz muito respeito a um vídeo que tive o privilégio de assistir, e que fala sobre a construção da usina de Belo Monte, Xingu. O vídeo é um grito de guerra dos nossos irmãos índios, que contra-argumentam a construção da usnina, prometida pelo governo do PT, e que afetaria a cultura dos nossos índios, assim como implicaria em seu auto-sustento. O que mais  me indigna nesse corpo de Atanael é a indiferença social, mas nesse caso sinto ainda maior indignação pelo fato de ninguém desse governo branco os escutor, ainda o tratam como bichos, como os portugueses que aqui desenbarcaram em 1500. Mas a razão que calou forte em mim, não posso negar, foi quando um aluno entrou em meu blog e elogiou a maneira como me relaciono com meus seguidores. Ele sugeriu que eu deveria também agir do mesmo modo em sala de aula. Fiquei pensando: há um tempo atrás eu encantava meus alunos... sei que os tempos mudaram, e em tempo de hipertextos e hipermídia, ensinar literatura e redação não tem sido uma tarefa tão fácil, principalmente quando as estruturas educacionais mais atrapalham que ajudam. Mas refleti muito sobre o que ele assinalou-me, na verdade doeu-me bastante, e só suportei porque entendi que chegou a hora de mudar, de entender que o período de pós-modernidade, na qual vivemos, não permite que demos conta de tudo. Talvez, tenha chegado o meu tempo de emigrar da sala de aula, talvez a própria estrutura educacional não tenha mais permitido que eu seja realmente eu mesmo, como o sou aqui neste blog. Aqui sou livre, porque falo o que penso e da maneira que quero. Quero que meus estudantes, tal qual os de Daniel Munduruku, sejam livres, mas para o ser, é necessário ler, escrever, buscar... Eu me sinto livre aos 35 de idade, graças a Deus que guiou meus caminhos, graças aos livros que iluminaram minha mente. Talvez nunca o serei como um índio ou como uma águia, mas posso ensinar o caminho para a liberdade a outros, além disso, o sou para mim, e isso me basta.

RESSALVAS:
Sobre a liberdade, gostaria de indicar um filme chamado Pelle, o conquistador. É uma produção sueco-dinamarquesa, digna de estupores (deixo o link abaixo).

Deixo também alguns vídeos relacionados ao que tratei aqui. Mas, principalmente a sugestão para ler o livro de contos indígenas Tempo de Histórias, de Daniel Munduruku.

Abraços,

Atanael

Povos do Xingu contra a construção de Belo Monte:
http://www.youtube.com/watch?v=ZmOozYXozb8

Depoimento da professora Amanda Gurgel:
http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA

Trailler do filme Pelle, o conquistador:
http://www.youtube.com/watch?v=h7eK8nzVMD8

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Nelson Rodrigues - Bonitinha mas ordinária


Pessoal,

Neste final de semana assisti a um filme que há muito tinha vontade. Chama-se Bonitinha mas Ortidinária, e salvo me engano data de 1981. Baseado na obra de Nelson Rodrigues (eu havia lido a peça na graduação), o filme é um primor. Com direção de Braz Chediak, tem um enredo chocante, e traz uma série de discussões a respeito de sociedade e família. Bem ao estilo Nelson Rodrigues, também põe em cheque toda a hipocrisia social que nos rodeia, e mostra o quanto somos condicionados ao meio, seja por opção ou por caráter. O filme é uma tragédia social, e firmou Lucélia Santos como atriz rodrigueana por excelência, devido ao tipo físico exigido pelo autor, mas também pelo caráter de atriz que ela tem. É impossível não ficar chocado com a entrega dessa atriz, que ainda no frescor da sua idade, já mostrava a que veio, assim como a partir da sua atuação pode-se distinguir de outros o verdadeiramente ator, aquele que salta do último trampolim com os olhos vendados, como ela mesma disse ter tido de fazer para quebrar o lustre que a protegia sob às luzes da televisão. José Wilker, Milton Moraes, Vera Fisher e Carlos Kroeber também estão no filme, e com ótimas atuações. Para quem deseja reflexão, e não é afeito a grandes frescuras, fica aqui uma sugestão. Com certeza algumas desconstruções a respeito da vida em sociedade sempre são feitas quando o ser humano se depara com uma obra de Nelson Rodrigues.

Abraços,

Atanael