segunda-feira, 11 de abril de 2011

Educação Patrimonial para a Joinville do futuro


Pessoal, querido!

Mil desculpas pela ausência. A estafa está tomando proporções gigantescas. Estou reduzindo carga horária na instituição em que trabalho para dar conta da vida. Prometo aparecer mais vezes por aqui. O artigo abaixo está em fase de confecção. Tem a ver com um trabalho que estou desenvolvendo para o mestrado.

Abraços,

Atanael

A cidade dos Sambaquis, de fato, atinge neste século a marca dos 515.250 habitantes, e ganha status de cidade grande ao ser considerada, pelo Ibge, como sendo, no momento, o maior município interiorano do sul brasileiro. Há quem, sob uma perspectiva romântica, que ainda prefira identificá-la como Manchester catarinense, cidade da dança, das flores, dos príncipes ou das bicicletas. No entanto, o cenário cotidiano, com ruas e avenidas abarrotadas de veículos, os constantes alagamentos a cada chuva (que não costuma ser pouca), o abandono do centro histórico da cidade em detrimento da modernização e da especulação imobiliária que atenta para os mais diferentes espaços, os transeuntes   que veem marquises como moradia, em pleno centro comercial da cidade, são alguns dos aspectos que não só põe em crise a identidade de Joinville, como também atestam para essa faceta um tanto paradoxal, que parece orgulhar a alguns que conseguem sentir-se bem por morar em uma “cidade grande”, e dispor de alguns “benefícios”, mas preocupar muito mais a outros, principalmente àqueles que pensam a cidade por um outro viés.
Ora, já dizia o poeta modernista Fernando Pessoa na pele de um dos seus mais célebres heterônimos: “eu sou do tamanho do que vejo, e não do tamanho da minha altura”. Nesse sentido, como é importante saber ser grande! Assim como ser grande se torna relativo no período em que vivemos. Então, saber olhar com diferentes visões passa ser um artifício necessário para o homem da pós-modernidade, fenômeno, esse, que deve ser entendido pelas universidades, que têm um compromisso social, efetivo, com sua comunidade, como um princípio para desenvolver, a partir de seus acadêmicos, um corpo de olhos que vise, sobretudo, o fazer provocar o passado. De maneira, que ao sair dos limites da instituição de ensino esses possam levar consigo um conhecimento vivo, que os possibilite interagir com a cidade, buscando soluções e alternativas que visem, principalmente, a sustentabilidade dos patrimônios culturais, já existentes, nos mais diferentes espaços. Porque ser grande para uma cidade tem muitos outros significados, sendo ainda impossível o ser sem que seu povo o seja. Para que uma cidade seja grande em toda extensão de sua palavra é preciso que ela pertença ao povo, mas é muito mais importante que ele se sinta pertencente a ela. É preciso que ele a conheça e se reconheça em seu espaço, que atue como participante em seus mais diversos segmentos culturais para que possa, assim, adquirir uma consciência social que o permita pensar em si, sobretudo pelo outro.
Joinville não é a única cidade do mundo que tenta, em tempos de descentralizações e fragmentações de identidades, criar uma imagem de si que a propague. É complicado, então, pensar que esta cidade possa ter apenas um, dois ou três slogans porque, culturalmente, uma classe hegemônica acredita ser o conveniente, assim como acreditar que os slogans criados para identificá-la sejam, de fato, coerentes com a memória coletiva da maioria de seu povo. Até, porque esse já não é o mesmo faz tempo. O sentimento de pertença é o que deve ser trabalhado nas mais diferentes comunidades brasileiras, e Joinville não foge à regra. Os espaços, considerados hegemônicos por sua beleza, por representarem ou ter representado a cidade algum dia, estão à mercê das iniciativas públicas e privadas. Alguns desses patrimônios materiais, em tempos de amnésias sociais, já não se comunicam com a comunidade joinvilense, ou por não provocarem o passado ou por não interagirem com o seu povo. Basta passar pela Rua das Palmeiras para sentir o completo abandono em que ela se encontra. A rua, que já foi referência e ainda o é, para os que conseguem a partir dela evocar o passado, deixou de ser objeto de contemplação para cumprir o mais triste dos papéis de uma rua: o de passagem.
 A revitalização dos patrimônios culturais deve pensar a comunidade como um todo, deve prover de meios e de infraestrutura física que permita a interação dos seus habitantes, de maneira que ele se sinta pertencente a esses espaços e também o adote como sendo verdadeiramente seu. Exemplos não são poucos, mesmo em nível municipal, como o caso da Estação da Memória, que apesar de ainda não causar o verdadeiro estupor que se espera de uma obra de arte (talvez pelo espaço limitado), tem levado uma pequena parte da comunidade a interagir no ambiente, assim como dado vida a um lugar dantes abandonado.
Mas os patrimônios culturais estão em todos os cantos desta cidade. Sejam materiais ou imateriais, eles querem, e devem, comunicar-se com o seu povo, que além de lazer precisa de educação patrimonial. Esse tipo de educação deve ir até os bairros, sendo que o poder público não deve apenas criar espaços novos, até porque antes de tudo é necessária uma preocupação maior com o ensinar a preservar. No entanto, é possível planejar a grandeza da cidade a partir de patrimônios já existentes (e que muitas vezes não se comunicam e/ou nunca se comunicaram com a comunidade), visando criar espaços vivos em que as comunidades possam interagir e, por que não, hibridizarem suas culturas. Deve haver parcerias com universidades, no sentido de levar às diferentes comunidades oportunidades de conhecer coisas novas, aprender novos ofícios a partir de cursos e oficinas, mas principalmente, oportunidades de aprender a preservar a sua história e de sentir o desejo de buscar por si.
Uma cidade grande é uma cidade consciente de sua história. A cidade de Joinville deve resgatar, principalmente em suas crianças e jovens, o ser joinvilense. É necessário, no entanto, saber afetar esses seres do agora, que em tempos de hipermídia e hipertextos aprendem de modo muito menos linear que as gerações passadas. Nada melhor, para isso, do que pensar estratégias dinâmicas, que respeitem os seus momentos, mas que também visem integrá-los aos patrimônios culturais dos quais estão próximos, no sentido de levar não só a vida para o lugar onde vivem como também a preocupação com a preservação desses espaços. Eles precisam saber, por exemplo, que antes de Joinville possuir todos os slogans que a atribuem, ela é, genuinamente, a cidade dos Sambaquis, e que por isso chama a atenção de estudiosos e especialistas no mundo inteiro para ela. Quando eles souberem, de fato, o que significa e o quanto isso tem a ver com suas vidas, estarão não só alfabetizados criticamente, como também saberão da importância de preservar o Sambaqui que faz parte da sua comunidade. E aí sim, poder-se-á transformar não somente esses locais, mas todos os outros patrimônios culturais de sua cidade, materiais ou imateriais, de maneira que eles sejam, não só convenientes a todos, mas que sejam também passíveis de integrar e rememorar todas as culturas.


Um comentário:

  1. legal legal bom atanael
    isso nos faz pensar que a nossa cidade esta crescendo , é bom.mas nem tanto.depende oque voce usa como referencia.esta crescento em coisasa boas mas tambem em ruins .
    Pense!

    Gabriel A Michalski Em 211
    sociesc

    Eu acho que voce deveria postar augo sobre a represa no xingu .seria interessante .
    Nao fala muito sobre literatura mas sim sobre culturas indigenas

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