sábado, 7 de maio de 2011

Guerras Culturais - Terry Eagleton

Tô de volta, pessoal!

Fiquei um tempo fora, porque vivi um momento brabo. Depois de espernear, saltar, e digamos quase pirar, enfim, voltei. Como já havia dito, tomei algumas decisões para poder lidar melhor com o tempo. Estou sentindo que já estou entrando no eixo novamente... Hoje vou deixar aqui um texto que eu rascunhei para uma discussão no meu grupo de estudo na Univille. Tem relação com o capítulo três do livro A idéia de cultura, de Terry Eagleton. O autor, filósofo, que já era doutor aos 24 anos de idade, começou a sua carreira estudando a literatura do século XIX e do século XX, até chegar à teoria literária marxista pelas mãos de outro fenômeno, Raymond Williams. No momento, Eagleton integra estudos culturais com a teoria literária mais tradicional. O texto, que apresento abaixo, é bem "simplezinho", mas em tempos de guerras culturais como as de Obama X Osama, vale à pena conferir. O livro é bom demais, então, se tiverem oportunidade...

Abraços,
Atanael


O termo "guerras culturais" sugere batalhas campais entre populistas e elitistas, como sugere Terry Eagleton, no capítulo de mesmo nome e que está no livro A ideia de cultura. Nesse capítulo o autor atribui a ação de guerrear no locus entre a cultura ocidental e as outras culturas, a que ele denomina como subcultura, dado o olhar depreciativo por parte do ocidente, que não considera outras raças, regiões, outros nacionalismos.
A respeito disso, Eagleton ainda afirma existir um choque entre Cultura e cultura, sendo que a primeira trabalha com valores universais e é capaz de alterar outras culturas. Ora, para Eagleton a palavra cultura possui diferentes acepções, sendo que esta ainda deva necessariamente realçar as diferenças, mas o que acontece em termos de pós-modernidade, sobretudo, no mundo ocidental, é que os interesses políticos é que governam os culturais e o definem como uma versão da humanidade. Fica, então, implícita a ideia de que a sociedade deve ser harmoniosa e responsável, humana e livre de quaisquer conflitos.
Eagleton ainda fala a respeito da existência da Alta e Baixa cultura, atribuindo à Europa a produção da primeira, tendo em vista que sem radicalismo ela "não impõe", mas apenas chama-a à razão. Ora, a Europa, coloca-se como sendo a própria cultura. Essa cultura tem sido usada como emblema espiritual, segundo o autor, de um grupo privilegiado, sendo ainda, que ela não considera os valores das formas de vidas particulares, mas sim, como um todo, como os valores da vida humana. Para Eagleton, a Europa é a encarnação local deste símbolo romântico em que idealizaram a cultura, e como ele mesmo diz, ela teve a sorte de ser escolhida por Geist como lugar onde ele se fez carne, assim como aconteceu com o planeta terra, que teve a sorte de ser o lugar onde Deus optou por se tornar humano.
Além disso, Eagleton afirma que a alta cultura implica numa visão global não só dos interesses próprios, mas também dos outros e que apresenta-se como uma forma de persuasão moral, mas que está fatalmente enfraquecida, pois se desligou de suas raízes religiosas e permitiu que o Ocidente todo ficasse por demais heterogêneo e briguento, contrariando ao que se propunha até então. Nesse sentido, é que todo ocidente perde terreno para chamadas subculturas, como a dos islâmicos, por exemplo, que é para quem a cultura religiosa é absolutamente vital. 

Um comentário:

  1. Eagleton toma como base sua insatisfação quanto ao significado antropológico amplo e com o sentido estético rígido da "cultura", e busca algo que a diferencie de outros conceitos fundamentais da Sociologia, por considerar em jogo o uso do conteúdo da alta cultura. Busca as transformações históricas pelas quais o termo passou e seus usos contemporâneos. Ao mergulhar na crise moderna da idéia de cultura, aborda os choques culturais, a dialética da natureza e da cultura, dialogando com Marx, Nietzsche e Freud, e aprofunda a visão com relação à homogeneização da cultura de massas, a função da cultura na estruturação do Estado-Nação e a construção de identidades e sistemas doutrinários.
    Vale a pena conferir.

    ResponderExcluir